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O REIKI E O CAMINHO DA ILUMINAÇÃO

O Reiki e o Caminho da Iluminação
Segundo a Mestra Diane Stein

       Procurando compreender o sentido e as origens do sistema Reiki, tive a sorte de, há alguns anos, conversar com uma freira budista Mahayana. Ela conhecia muito bem os símbolos do Reiki em sua prática budista, embora não fossem associados à cura com o Reiki,e suas informações me proporcionaram uma perspectiva inteira mente nova sobre o assunto. Quando fiz pesquisas para este livro e acrescentei as descobertas resultantes do meu estudo sobre o Budismo, encontrei respostas para algumas questões sobre o sistema Reiki. Mikao Usui falou de uma fórmula simples da qual o Reiki e os símbolos derivam. Na informação que recebi sobre a filosofia budista, acho que encontrei preceitos datados de 2.500 anos atrás. A maior parte das informações sobre os símbolos do Reiki vem dessa pesquisa e dos preceitos que sãapresentados abaixo.

Com base nas minhas leituras sobre Budismo Mahayana e Vajrayana, percebo semelhanças profundas entre as raízes filosóficas de quase todas as religiões. O Bu dismo não prega a existência de um Deus ou Deusa, mas aceita as divindades da cultura local onde se encontra. É uma filosofia universal do Ser, e não um sistema de crenças. O misticismo tântrico, que surgiu do Budismo Mahayana; mostra a es sência de todos os sistemas metafísicos do mundo, inclusive o Wicca. Foi trazido para o Ocidente pela Teosofia de Helena Blava
tsky. Os ensinamentos originais do Jesus histórico também são encontrados no Budismo, inclusive sua capacidade de cura, suas parábolas, sua filosofia, suas ações e seus milagres.
Sidarta Gautama, o Buda Sakyamuni, nasceu em 620 a.C. na índia, na fronteira com o Nepal. Morreu em 543 a.C. Assim como os ensinamentos de Jesus, as palavras do Buda não foram registradas durante sua vida; os primeiros registres apareceram vários séculos depois. Isso é muito tempo. Na Bíblia cristã, só umas poucas linhas são indicadas como sendo palavras e ensinamentos exatos de Jesus; comparativa mente, foram registradas mais palavras de Sidarta Gautama. O Buda buscou maneiras de libertar todas as pessoas do sofrimento, da dor e da reencarnação. Ele aceitou tanto mulheres quanto homens para seus ensinamentos, bem como pessoas de todas as castas e classes — o que não era normal na sociedade hindu tradicional, assim como não era no tempo de Jesus, quando ele fez a mesma coisa seis séculos depois, durante o patriarcado no Oriente Médio. A Iluminação do Buda não dependeu de um Deus patriarcal, nem mesmo de um Mestre, mas da com preensão adquirida interiormente. Quando encontrou suas respostas, ele não entrou no estado de êxtase ou Nirvana que lhe foi oferecido, mas voltou para ajudar outros a encontrarem o caminho. A iluminação é "uma experiência espiritual direta, dinâ mica, que se torna possível por meio... da faculdade da intuição..., ou mais simples mente, da visão clara". Resulta em liberação e liberdade, na "luz" da informação e da compreensão.
O Sermão de Benares é o equivalente budista ao Sermão da Montanha feito por Jesus. Nele, é oferecida a essência dos ensinamentos budistas. Existem "Quatro Ver dades Nobres" que constam desse documento. A primeira é: "Existência é infelicidade." A segunda é: "A infelicidade é causada por apegos egoístas." A terceira é: "Apegos egoístas podem ser destruídos." O Caminho dos Oito Passos e a quarta verdade, e mostra como ele pode ser atingido. Os passos do Caminho são:
 1) com preensão correta;
 2) propósitos e aspirações corretos; 
3) palavra correta; 
4) conduta correta; 
5) vocação correta; 
6) esforço correto;
 7) atenção correta; 
8) concentração correta.
Tristezas e infelicidades fazem parte da vida.  Há doenças, velhice, morte, alem da dor ao vermos pessoas amadas sofrendo. Dor e sofrimento causam infelicidade, e esses são os principais problemas da existência, problemas que Buda, por compai xão, procurou resolver. Durante sua Iluminação, revelou-se a Sidarta Gautama que o sofrimento é causado pelo apego ao processo da vida e às outras pessoas. As vontades da vida nunca podem ser completamente satisfeitas. Esses apegos geram frustração e ação negativa, que geram o karma. A vida cria o karma, que torna outras vidas necessárias, pois o karma só é eliminado e purificado enquanto ainda estiver no corpo.
Apegos e desejos podem ser eliminados para que o karma possa ser resgatado e o espírito não tenha mais de voltar a um corpo. No Budismo, essa é a maneira de se acabar com a infelicidade, e a única forma real de cura é o fim das reencarnações. O Caminho dos Oito Passos, o código moral dos budistas, é equivalente aos Dez Mandamentos e fornece os meios para se realizar isso. Em sua Iluminação, Buda viu que o fim da roda das encarnações e do karma era possível a todas as pessoas. Seus ensinamentos se concentram em tornar a Iluminação possível a todos, um processo de compreensão interior de liberação kármica.
Esforço, atenção e concentração — os meios de se controlar a mente — são algumas das capacidades exigidas para se lograr esses objetivos, já que a realidade é uma criação
 da mente. Quando a mente está completamente livre de apegos ou desejos, a pessoa entra em Nirvana e não precisa mais renascer. Compreendendo-se a verdade da mente e o processo da existência, alcança-se a liberdade. O Nirvana é descrito, não como extinção, mas como "libertação, paz e força interiores, compreensão da verdade, prazer da união completa com a realidade e amor por todas as criaturas do universo".
A realidade c criada pela ação da Mente a partir do Vazio. O Vazio e a pro
fundeza da paz sem fronteiras, pureza, perfeição, mistério e alegria. Em termos Wicca, é o Espírito, Éter ou Deusa. Todos os Seres vêm do Vazio, que é a essência de toda a existência. Todos os Seres se encontram num estado de perfeição, pois fazem parte da Natureza de Buda (ou Deusa / Deus interior). A realidade também é o Não-Vazio, que é Todo potencial, um complexo infinito de mundos e universos A mente que emerge do Vazio é a primeira fonte do Buda, mas essa fonte é obscura para a maioria das pessoas em virtude da ilusão dos sentidos, o Não-Vazio.
 A realidade criada pelo obscurecimento da Mente Pura é como a realidade criada num espelho. As pessoas encarnadas não despertam para a sua pureza intrínseca (o Vazio) que existe além dos sentidos. Sua compreensão é baseada na ilusão do Não-Vazio. uma mente deturpada age na Terra criando uma realidade distorcida, o que resulta em sofrimento.
"A mente que se manifesta como sabedoria é intrinsecamente do Vazio, ainda assim tudo provém dele e é, portanto, criação da mente." Tudo o que á real é criado a partir da perfeição do Vazio. Ainda assim, por causa das distorções e ilusões, percebemos o mundo como imperfeito e continuamos apegados à ilusão. Sabedoria = energia = criação - Vazio, que é parte do Nirvana. A percepção humana da rea lidade é o Não-Vazio, baseado no potencial, e participa na criação do sofrimento do mundo pela mente. Iluminação é compreensão da alegria do Vazio, da Natureza perfeita do Buda de cada um, deixando de lado o apego e a ilusão do Não-Vazio e dos sentidos. Assim que a verdadeira realidade é percebida, os apegos e os anseios não têm mais sentido: o Nirvana é obtido. Essa compreensão é a Iluminação, que libera a alma do karma e da encarnação. Isso acontece ao livrar-se a Mente da ilusão.
O fundamento dos ensinamentos budistas está nas Moradas Divinas, nas qualidades da gentileza amável, da compaixão, da alegria simpática e do caráter equânime. O Buda expressou essas virtudes quando recusou o Nirvana para livrar as pessoas do sofrimento. Depois do início do Budismo Theravada, nos primeiros séculos seguintes à morte de Buda (ascensão, Parinirvana), o Budismo Mahayana se desenvolveu no norte da índia durante o primeiro e segundo séculos. Esse ramo do Budismo ainda é muito import
ante e baseia seus ensinamentos nos fundamentos acima. Um preceito fundamental do Budismo Mahayana é a certeza de que todos podem alcançar a Ilu minação, inclusive os que não podem viver uma vida religiosa. Outra contribuição do Mahayana é o conceito de Bodhisattva. Bodhisaltva é alguém que atingiu a Iluminação, mas prorroga sua entrada no Nirvana até que todos ao seu redor também alcancem a Iluminação. Ele permanece no inundo para ajudar a todos os Seres. Kwan Yin é, provavelmente, o exemplo de Bodhisallva mais conhecido. Ela é conhecidacomo Kannon, no Japão, e sua equi valente próxima no Tibel  é Tara. Jesus também se enquadra na descrição de um Bodhisatlva, assim como sua mãe, Maria. A maioria dos Bodhisatlvas é masculina. Um Bodhisallva tem as virtudes de um Buda e se tornará um Buda quando deixar a Terra. Sidarla Gautama não foi o único Buda, mas o primeiro a encontrar o Ca minho. Um Bodhisatlva é a pessoa ideal no Budismo Mahayana.
O Budismo Tântrico ou Vajrayana se desenvolveu no Tibet a partir da seita Mahayana, um desenvolvimento místico e esotérico do Budismo que afirma lealdade a um instrutor ou guru e contem rituais exóticos, iniciações, mantras e mandalas, deuses pacíficos e irados, visualizações para o controle da mente, práticas de medi tação avançadas e uma grande variedade de simbolismos.

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Devido ao clima árido e ao isolamento do Tibet, o Budismo Vajrayana transformou-se numa religião muito diferente da que se praticava na Índia, mas todos os princípios foram tirados dos Sutras e.da filosofia Mahayana. Os tantras veneram o Buda simbolizado por estátuas sagradas e trabalhos de arte, mas nas meditações eles buscam o Buda e o Bodhisattva no interior de sua mente. Seus adeptos trabalham para entender as muitas realidades e a perfeição do Vazio. A fórmula do Reiki nasceu dos Sutras Mahayana, e suas interpretações místicas, do Vajrayana. Os cinco símbolos do Reiki correspondem aos cinco níveis da mente que levam à Iluminação. Eles são conhecidos entre os budistas como o próprio Ca minho da Iluminação. Também representam os cinco elementos, as cinco cores e as cinco formas representadas frequentemente na arte tântrica. Os cinco elementos são: terra, água, fogo, vento (ar) e Vazio (Espírito). As cinco cores são: o amarelo, o branco, o vermelho, o preto e o azul. As cinco formas são: o quadrado, o círculo, o triângulo, o semicírculo e o "cintamâni" que compõe a Stupa. Elas podem ser com paradas aos cinco pontos do Pentáculo em Wicca, em que o Vazio e o Espírito ou Éter. Os cinco elementos também estão associados aos chakras. Juntos, os cinco símbolos do Reiki são a não-dualidade da mente e do objeto, e o esvaziamento do ego, que alcança o Nirvana budista. Uma vez obtido, a fórmula e o processo Reiki liberam a alma da roda das encarnações. Originariamente, os símbolos eram usados com propósito espiritual e não de cura — Iluminação com propósito de ajudar os outros, o Caminho do Bodhisattva. Os símbolos do Reiki representam a sabedoria — energia-criação, perfeição do Vazio sem distorções, e culminam em liberação.
É importante notar que os Sutras e os textos Vajrayanas foram escritos em sânscrito (a partir dos textos Theravada anteriores, escritos em páli). O Buda não falava sânscrito, que é a língua dos intelectuais, assim como o latim o é no Ocidente, mas falava o dialeto bihári de seu local de origem. A índia é um país de muitas línguas. O Budismo deslocou-se da índia para o Tibet, através do sudoeste asiático: a China, a Coréia e o Japão. Ao longo do caminho, sofreu muitas alterações devido a diversas interpretações e culturas por vários séculos. Os ensinamentos do Reiki também foram transmitidos assim por mais de 2.500 anos, transcendendo uma variedade de línguas e culturas, até chegar ao Ocidente. Sua tradução para as línguas ocidentais modernas representa de novo outra grande alteração.
Através de todas essas mudanças, traduções e interpretações, tanto o Budismo como o Reiki sobreviveram. O Budismo é a religião de cerca de um terço a um quinto da população mundial hoje em dia, e está vivo em várias culturas. O fato de o sistema de cura Reiki budista ter sobrevivido com tanta vitalidade entre os ociden tais, assim como nos países e línguas de origem, é um tributo a si próprio. O Reiki da índia provavelmente era diferente do Reiki do Tibet, pois sua cultura e seus costumes eram diferentes. O Reiki que Jesus trouxe da Índia foi, provavelmente, diferente do Reiki atual. Da mesma forma, o Reiki do Japão deve ter sido diferente do do Tibet e do da índia.
No Ocidente, o Reiki é diferente da tradição que Mikao Usui redescobriu, e parece ter vitalidade própria. Isso não é surpresa para alguém com conhecimentos sobre o Budismo. Como o próprio Budismo, o Reiki adapta-se a qualquer cultura do século em que se encontre, assim como às mais variadas línguas e sociedades. Esse é mais um dos milagres do Reiki.
Fenômenos psíquicos não são estimulados pela prática budista, mas eles também ocorrem. Meditações com o objetivo de controlar a mente também despertam os sentidos interiores. Os exercícios de ativação do Ki purificam a Linha do Hara e os chakras. A cura não é tão desencorajada por budistas quanto as habilidades psíquicas, mas é considerada um desvio do Caminho da Iluminação. A freira budista com quem conversei sentiu que o meu interesse pela cura era incomum, pois julgava que eu poderia contribuir mais para o mundo alcançando a Iluminação, para o bem dos outros, entrando no Caminho do Bodhisattva. Quando Mikao Usui tentava encontrar informações sobre o método de cura do Buda, provavelmente achou uma resposta parecida. Não é que a cura seja considerada irrelevante — é que ela exige muitos anos de treinamento para a Iluminação, antes de se manifestar como uma capacidade. E, mesmo assim, a cura é considerada secundária no decorrer do Caminho da Iluminação.
A espiritualidade supera em importância todos os assuntos que dizem respeito ao Budismo. Quando Mikao Usui viu os mendigos que curara voltarem aos lugares onde os encontrara, ele constatou o fato que os budistas sempre afirmaram — que, sem cuidar dos processos mentais e espirituais, o corpo não pode ser curado perma nentemente. Os budistas pregam que só a cura é a libertação do ciclo de encarnações. Enquanto a reencarnação for necessária, haverá insatisfação, doença e sofrimento. O karma só pode ser eliminado enquanto a pessoa estiver encarnada, o que gera um ciclo interminável de desesperança. Ao entrar para o Caminho da Iluminação, ocorre a liberação do apego, o karma é curado, a mente é liberada da criação de ilusões e o processo reencarnatório cessa.
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O caminho para o término das reencarnações está contido na fórmula simbólica do Reiki.
Nos cinco símbolos, encontram-se os cinco estágios do Caminho da Iluminação. O Cho-Ku-Rei corresponde ao estágio inicial e representa os níveis físico e duplo etérico. O Sei-He-Ki corresponde a transformação da emoção e do ego, características do corpo emocional. E o Hon-Sha-Ze-Sho-Nen corresponde à criação da verdadeira realidade pela compreensão da Mente Pura no nível do corpo mental. O Dai-Ko-Myo corresponde à entrada do Caminho de Bodhisattva e representa o corpo espiritual. O Raku é a Iluminação em si, transcendência e Nirvana, o nível transpessoal para além do corpo. Cada um dos símbolos corresponde à representação de um dos corpos vibratórios.A fórmula, no sistema Reiki, representa o caminho de estudo dentro do Budismo Mahayana e Vajrayana, onde é amplamente discutida e está longe de ser secreta. O uso dos símbolos para a cura é considerado secundário em relação ao seu valor espiritual.Os símbolos do Reiki são formas japonesas derivadas do sânscrito e têm, pelo menos, 2.500 anos. Foram concebidos psiquicamente como figuras e sons (mantras), e também como letras decifrando seus significados. A freira reconheceu os símbolos e sentiu que as variações eram culturais. Determinado conjunto pareceu-lhe mais como uma tentativa da versão em sânscrito para o japonês. Ela os identificou clara mente, conhecia seus mantras e os conceitos que envolviam cada um. Eles simboli­zam o Caminho da Iluminação, fórmula a ser seguida e usada pelo Rciki no contexto da cura. Seguem-se informações sobre cada um dos símbolos, sua complexidade e a melhor interpretação sobre eles que posso oferecer.
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